Como apresento meus pacientes ao ACI
A enfermeira de urologia Paula Muter, há mais de 20 anos, ajuda pessoas com lesões na medula espinhal a aprender a realizar autocateterismo intermitente (ACI) – e ganhar liberdade e independência.
Leia sobre como Paula ajuda seus pacientes a se sentirem confortáveis com o ACI.
Eu gosto de trabalhar com pacientes com lesão da medula espinhal (LME)
Adoro esta especialidade! É muito diferente de qualquer outra experiência em um ambiente da saúde. Não parece ser medicalização excessiva e há muita ênfase na reabilitação. E como as pessoas podem ficar em reabilitação por até um ano, você realmente as conhece, suas famílias e seus filhos.
Tanta coisa mudou desde que comecei minha formação em enfermagem na década de 1980
Quando eu era enfermeira júnior, todos os pacientes com LME recebiam um cateter permanente (que permanece na bexiga continuamente) como prática padrão. Hoje, cada paciente é avaliado individualmente, e seus pensamentos e sentimentos são levados em consideração quando se trata de controle miccional. As coisas mudaram, e os produtos de cuidados com incontinência evoluíram muito. Agora, o autocateterismo intermitente (ACI) é o padrão-ouro.
A especialização tem sido ótima para mim e para meus pacientes
Com a experiência, melhora não só o seu conhecimento clínico, mas também a forma de interagir com os pacientes. Você melhora em interpretar as pessoas e sua personalidade e fazê-las se sentirem confortáveis, mesmo durante uma consulta rápida. Se elas estiverem relaxadas, poderão compartilhar seus medos e preocupações, e poderemos abordá-los. Quando a mente está bem, todo o resto fica mais fácil.
Conheço alguns dos pacientes de minha clínica há 20 anos. Um jovem de 17 anos que me procurou após um acidente de esqui já tem sua própria família!
Quando se trata de ACI, o paciente indica o caminho
Depois de conhecer a pessoa que vem à sua clínica e fornecer as devidas informações, ela estará no comando. Gosto de garantir que o paciente sinta que está liderando o processo de tomada de decisão. Digo aos pacientes que esse cateter intermitente específico que estou mostrando é apenas um entre muitos e que existem várias opções disponíveis.
Quando explico o ACI, informo como funciona fisicamente e na prática, como se proteger de germes e como prevenir problemas, mas deixo a escolha de fazê-lo ou não para eles. Eu sou a profissional, mas o corpo é deles. Se o paciente toma a frente de seu próprio cuidado, isso realmente alivia a tensão de cada decisão.
Medo e tabu são os maiores obstáculos para o ACI
Quando se trata de aprender ACI, é como tirar um curativo adesivo em câmera lenta – a antecipação é a pior parte. A psicologia provavelmente não é considerada suficiente quando se ensina ACI, e acho que há muito medo oculto.
As pessoas têm preocupações: Posso me machucar? E se eu colocar no orifício errado? As mulheres me dizem: E se eu colocar o cateter na minha vagina? Eu digo: E daí? Você colocaria um tampão ali, certo? Os homens me perguntam para onde vai esse tubo todo, quando veem o comprimento do cateter. Eu os ajudo a perceber a que distância a bexiga está do pênis.
Como o tema dos cuidados de incontinência é um pouco difícil, pode ser estranho falar sobre isso. Eu tento ajudar meus pacientes a se sentirem à vontade para falar sobre isso.
Abordando o básico
Não é fácil abordar o ACI em termos gerais, pois é muito complexo, mas tento falar sobre isso em linguagem simples e manter as coisas o mais simples possível.
Para a maioria dos meus pacientes, a primeira tentativa de fazer ACI vai bem, e eles não conseguem acreditar que isso aconteça tão rapidamente. Normalmente é mais fácil para os homens porque eles podem ver para onde o cateter está indo. A ideia de colocar um tubo em seu pênis pode ser mentalmente difícil, mas fisicamente é mais fácil, especialmente se você der dicas sobre como inserir o tubo e como retirá-lo. Eles podem fazer isso de olhos fechados!
Com pacientes do sexo feminino, que podem achar o ACI mais desafiador por conta da localização da uretra, eu falo com elas sobre exatamente o que vai acontecer. Eu tento não medicalizar demais, já que elas podem fazer esse procedimento pelo resto de suas vidas. Não peço que se deitem na cama nem usem um espelho para olhar entre as pernas. Digo para que tentem fazer pelo toque para ver se conseguem colocar. Digo o seguinte: lave as mãos, limpe-se, separe os lábios com dois dedos, insira o cateter e, se ele entrar na sua bexiga, você faz xixi.
Existem apenas duas opções de inserção: a vagina e a uretra. Se for na vagina, não tem problema. Apenas tente outra vez. E quando você faz certo, todo o processo do ACI leva apenas dois minutos! Também digo a todos os meus pacientes que tudo o que falarmos será anotado. Quando chegarem em casa, receberão uma carta detalhando o passo a passo do processo de ACI e também um folheto com todas as informações que precisam saber.
Combinando o paciente com o cateter intermitente correto
Eu diria que as usuárias de cadeira de rodas tendem a preferir cateteres intermitentes que são um pouco mais rígidos. Se o cateter estiver muito frouxo ou frágil, o ACI nem sempre funciona. Pacientes que escolhem o cateter com base em seu impacto ambiental também estão se tornando mais comuns. A maioria das minhas pacientes quer um cateter discreto e também gosta de cores bonitas. Psicologicamente, todas essas características do produto fazem diferença para elas, e elas se sentirão melhor com o uso do cateter. Não é apenas uma decisão médica.
Se eu pudesse mudar uma coisa
A qualidade e discrição dos produtos de cateteres intermitentes melhoraram enormemente e isso faz uma grande diferença. Uma coisa que eu adoraria que trabalhássemos é colocar a educação sobre o ACI no treinamento para todos os profissionais de saúde – não apenas enfermeiros, mas também fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, por exemplo. Eu gostaria que os cuidados com a incontinência fossem discutidos em todos os lugares.
Se eu tivesse uma mensagem para compartilhar com as pessoas que estão considerando ACI
Isso é simples: não há nada para se assustar. Posso dizer isso com confiança, pois ajudei centenas e centenas de pessoas a aprender o ACI ao longo dos anos. Tenho pilhas de cartas de pacientes sobre como o ACI mudou suas vidas para melhor. Isso os fez se sentirem livres e independentes, melhorou suas vidas sexuais e os ajudou a fazer as coisas que desejam sem ansiedade para esvaziar a bexiga.
Há uma luz no fim do túnel.
Paula Muter, RGN, BA, é enfermeira clínica especialista no Centro de Reabilitação Neurológica dos Hospitais Universitários Sheffield, no Reino Unido. Atualmente, ela trabalha com a equipe de urologia, fornecendo habilidades clínicas para pacientes com lesões na medula espinhal.
As pessoas que deram depoimentos receberam compensação da Hollister Incorporated. Os depoimentos, as declarações e as opiniões apresentadas são pertinentes às pessoas retratadas. Esses depoimentos são representativos das experiências delas, mas os resultados e a experiência exatos serão únicos e individuais para cada pessoa.
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